Quem nunca disse, ou escutou alguém dizer que prefere dormir ao som da chuva? E o barulho do mar, quantas e quantas pessoas não vão até a arei só para ficar escutando o som das ondas na praia?! No campo, os pássaros e os bichos da fazendo, pra muita gente, também soa relaxante.
Perceba, o som tem um poder incrível em nossa percepção. Acalma, agita, rememora… Os sons são poderosos.
Você já parou para pensar como algo tão simples quanto colocar fones de ouvido e apertar o play em suas músicas favoritas impacta significativamente seu desempenho esportivo? A relação entre música e atividade física é intrigante, gerando debates sobre seus efeitos e até mesmo levando algumas modalidades esportivas a proibir o uso de canções durante os treinos ou competições.
Médicos especialistas em esporte destacam que a música não só traz benefícios para a saúde mental, como também pode ser empregada como uma forma de terapia alternativa, como é o caso da musicoterapia. Seus efeitos são vastos, abrangendo desde o tratamento de condições como ansiedade e depressão até o auxílio na melhoria do desempenho esportivo.
Durante a prática esportiva, os benefícios da música estão intrinsecamente ligados ao aspecto psicológico, com impactos que incluem a redução da percepção de esforço em cerca de 5%, o controle da fadiga durante picos de intensidade, a promoção de sentimentos positivos como entusiasmo e felicidade, e até mesmo a facilitação na definição do ritmo do treino.
Essa influência positiva levou muitos a considerarem a música como um “doping legal”, embora não existam proibições oficiais por parte das entidades reguladoras de doping. Algumas restrições podem ser encontradas em eventos específicos, mas são decisões das próprias organizações.
Estudos científicos corroboram essa percepção, como uma meta-análise publicada pela Revista Internacional de Pesquisa Ambiental e Saúde Pública, que evidenciou melhorias fisiológicas no desempenho durante exercícios anaeróbicos quando os praticantes ouviam música.
Quanto ao estilo musical, a preferência é bastante pessoal. Para alguns, gêneros mais energéticos como o rock ou hip hop podem impulsionar a atividade física, enquanto músicas mais calmas podem ser eficazes para acalmar os nervos e aumentar a concentração. Cada indivíduo reage de maneira única. Personalidades do esporte, como o nadador Michael Phelps, já afirmaram que a música desempenha um papel fundamental em seu foco e concentração. Em eventos como campeonatos de skate, por exemplo, ouvir música durante as provas é comum, como foi visto nas Olimpíadas de 2020.
No entanto, quando se trata de correr ao som de músicas, surgem opiniões divergentes. Alguns estudos indicam que a música pode contribuir para um ritmo mais rápido e reduzir a percepção de esforço, mas também há preocupações quanto à atenção ao próprio corpo e à segurança, especialmente em ambientes externos.
Correr com música pode ser um dilema, pois embora possa afastar a monotonia e oferecer um estímulo adicional, pode dificultar a percepção de sinais importantes do corpo e comprometer a segurança, principalmente em áreas movimentadas.
No entanto, e nesse contexto, surge também a tendência da atenção plena, que enfatiza a importância de estar mentalmente presente no momento da execução de qualquer movimento do corpo durante a atividade física. Correr pode ser uma oportunidade para praticar essa atenção plena, deixando as distrações sonoras de lado.
A decisão de incluir música nos treinos depende de uma avaliação equilibrada dos prós e contras, levando em consideração a individualidade de cada pessoa e o contexto específico de cada atividade. Pra mim, os pontos positivos são muito maiores que os negativos, sempre estou com meu fone de ouvido. Ele me ajuda na concentração e na disposição. É meu doping!
Por Cyssu Pantaleão