Hoje eu percebi o quanto estamos dependentes do telefone. Que ele é um ferramenta, muito mais que um telefone, disso eu já sabia, mas, havia me afastado do termo smart.
Bem, nos acostumamos a falar a palavra smartphone, mas, sequer nos debruçamos sobre ela. Smart pode significar inteligente, esperto ou até mesmo astuto (aliás, essa última vem bem a calhar!), phone, é o óbvio, significa basicamente o instrumento de usamos para nos comunicar, mas, é uma palavra que também pode ser usada para todo o objeto que tem como função emitir ondas sonoras até o ouvido.
Pois bem, hoje eu entendi o quanto estamos reféns deste Objeto Inteligente (ou Astuto) Com Função de Emissão de Ondas Sonoras aos Ouvidos. Agora pela manhã, senti na pele o tanto que ele se tornou muito mais que isso quando levei meu carro para uma manutenção preventiva em uma bairro relativamente distante de minha casa, cerca de 8km.
Ao sair da oficina, me deparei com a seguinte pergunta: Cadê meu telefone?
É o início de minha saga!
Percebi que não conseguiria: Pedir um Uber ou 99, fazer contato com minha família para dizer que iria demorar, sequer conseguiria enviar uma mensagem simples para alguém. Não pude fazer nada.
Não há orelhões (pelo menos onde estava não havia), os ônibus não aceitam dinheiro, aliás, eu sequer estava com dinheiro na carteira, mas, os coletivos não aceitam cartões de crédito… Enfim, voltei andando.
Foram 8km de meditação e pensamento: como estamos reféns daquilo que julgamos só um objeto. E, fui além: do que mais sou refém, qual outro objeto que, se eu perdesse minha vida se complicaria?
Percebi que passei a ser uma pessoa que depende de objetos para realizar coisas, sou alguém que sem determinado objeto, estou basicamente anulado. Essa reflexão, enquanto caminhava de volta para casa foi ótima. Mudei de ideia sobre muitas coisas, entendei que não posso ser escravo de objetos e preciso viver mais dias intendentes deles, percebi que não sou um ser humano, eu controlo os objetos e não eles me controlam, percebi muitas coisas…
Voltei caminhando e feliz por entender que não sou mais vitimas de objetos inanimados, sou independente, posso viver bem sem a dependência de objetos, sou livre…até que, ao meter a mão no bolso, percebi que a chave da minha casa havia ficado no carro.
Por Cyssu Pantaleão